Sobre babás, indicadores e resultados…

Marilda abriu concorrência pública para contratar uma babá. Objetivo cuidar de seus cinco filhos… Desempregada há 6 meses, a escolhida, era uma profissional que não cobrava caro, postura de baronesa e bilíngüe! No primeiro dia de trabalho a mulher de branco sentiu a pressão… Tudo espalhado… O mais novo com restos de comida dentro da fralda, o mais velho rodopiava uma espada de plástico, enquanto os do meio gazeteavam mostrando relativa boa vontade ao atender, lentamente, suas solicitações… Marilda mandava bem! Uma mãe dedicada, fazia duas visitas diárias a sua turminha. Queixava-se com a babá da fralda suja no menor, das roupas amarrotadas e das lições que não tinham sido realizadas…

Temos aqui um exemplo clássico da gestão em empresas e famílias como a de Marilda:

1)      Empresas gostam de contratar os melhores profissionais! O melhor é sempre aquilo que está na moda. No caso, a babá falava inglês. De que nos serve uma babá que fala inglês? Parece incrível, mas ainda é esta a forma predominante na seleção de pessoas. Quando o que deveria predominar é o conhecimento e a aptidão, traduzida num perfil para lidar com as características predominantes de seu público alvo, no caso as criancinhas.

2)      Uma babá para cinco “quase delinqüentes” é muito pouco! Quanto pior o material humano que dispomos, de mais babás – coordenadoras – precisaremos! Invista um pouco mais nos índios! Uma empresa não vive só de caciques. Viés este muito comum em universidades, embora em outras empresas, não passa de uma tentativa desesperada dos CEO’s de se livrarem dos seus problemas… Acabando por abdicarem de suas empresas.

3)      As inserções de Marilda em sua casa, não fazem necessariamente o diagnóstico da babá! Tão importante quanto um chefe que olhe para dados é a devolutiva que este faz a seus coordenadores. Sem o velho tom de ameaça, juntos deverão analisar o contexto, transformando dados em indicadores. Ou seja, cocô na fralda pode ter vários significados: desde imprudências da babá, a disenteria na criança… Ao avaliar o trabalho das pessoas, devemos olhar primeiramente para as estruturas. Não é possível avaliações sem estrutura! A carência de pessoal suficiente para as trocas do bebê, a falta de fraldas ou entretenimento suficiente para os demais, podem ser os responsáveis por resultados mínimos…

4)      Resultados mínimos não mudam nada! Marilda tinha que ir duas vezes por dia em sua casa, durante seu expediente, pois não via seus objetivos alcançados… Contratou uma funcionária bilíngüe, pois seu foco, preocupação maior com o desenvolvimento das crianças (fazer as lições) era com a gestão (aprimoramento), menor com os serviços prestados. É muito comum observarmos licitações em que a opção pelo menor preço, em estruturas equivalentes mesmo com belíssimos profissionais de ambos os lados, não levar a lugar algum! A melhor forma de enganar contratantes é vender gestão e entregar serviços! Reféns da grande oportunidade do mercado, a grande contratante, alguns terceiros fazem qualquer coisa por algum negócio. Não é possível contratar gestão, olhando apenas para estruturas e preço! É fundamental olharmos para os processos! Afinal qual é a empresa bem gerenciada hoje quem tem gente pronta e ociosa esperando um novo contrato? Os bons processos, o “know how” das empresas, é que estão ligados aos bons resultados. E resultado tem que ser azul… Marinho!

5)      Por fim, faltou a Marilda deixar claro seus objetivos. Não pensar que: já que a babá estava por lá, poderia então facilmente “aproveitar” e trocar as fraldas ou passar as roupas das crianças…  A substituição das necessidades estratégicas pelas obrigações formais acaba com os resultados! E acreditem! A formalidade sempre vence. Marilda perdeu o foco, contratou outra babá para supervisionar a bilíngüe, gastou mais dinheiro, se distanciou das bases e foi processada pela primeira por maus tratos de sua supervisora. Enquanto isso seus filhotinhos… O mais novo pegou outra infecção e se hospitalizou, o mais velho se queimou com a água da chaleira que derrubou ao bater com sua espada de samurai, enquanto os do meio, só engordavam…