Sobre lobos e ovelhas

É singular dentre todas as questões da humanidade, a frenética necessidade que o homem tem em revelar verdades e mentiras. Tão eloquente quanto, são os consequentes rótulos que se seguem dividindo a mesma humanidade entre: honestos e disonestos, bons e maus, pobres e ricos e bonitos e feios. Para mim estas questões são sempre confusas, tem dupla face, em cada perspectiva um olhar diferente… São como mutações só possíveis de definição fotográfica, na velocidade de um flash. E é nesta mesma velocidade que as pessoas decidem, precipitadamente, entram em pânico e a solução normalmente fica pior que o problema. É por este motivo que neste breve texto decidi escrever sobre pessoas e não sobre circunstâncias… O conhecimento sobre pessoas é mais sólido que julgamento sobre as atitudes delas mesmas. E é com este objetivo que me atrevo a dissertar sobre lobos e ovelhas. Predador e presa. Culpado e inocente. Que me perdoem os verdadeiros Lobos e as Ovelhas…

Ovelhas normalmente não conseguem se passar por lobos ao contrário destes últimos, que facilmente se comportam como ovelhas. Pervertendo a ordem natural universal: nascimento, crescimento e morte, antecipam este último elemento aos primeiros. Não é tão difícil reconhecer lobos se passando por ovelhas quando temos tempo e paciência para observação. Os lobos, trabalham encurtando o tempo, urgenciando soluções e determinando diagnósticos, levando medo as ovelhas. No intuito de desgarrarem o bando, tornando as ovelhas presas mais fáceis. Menos numerosos que as ovelhas, não tem o dom da creação, somente o da morte. O encerrar de relações, amizades, famílias e afetos, o amor que liga o grupo de ovelhas. Astutos os Lobos esperam a hora de agir normalmente quando as ovelhas perdem seus líderes-pastores, agindo rapidamente. Não tem compaixão, mas demonstram muita emoção, se parecem com ovelhas, feridas ou isentas – apartidárias, são capazes de deitarem-se ao chão para que o bando passe por cima, como um tapete de falsa humildade. Não se contentam em caçar uma ovelha, deliciam-se com a ruptura do grupo, pois sua verdadeira fome é de vingança. Vingança esta que sua própria inveja e “a-bando-no” cunharam. Lobos são vaidosos, querem do bom e do melhor, só agem por interesse e se afastam quando nada mais tem a ganhar… Lobos acusam sem ofender, ovelhas ofendem sem acusar, não guardam rancor, são movidas pelo momento pelo salto das que lhe antecederam. Devotas ao que lhes foi ensinado agem repetidamente da mesma maneira. Tem seu olhar somente para sua família, não para a matilha. Lobos tem visão estratégica, mas nada criam. Ovelhas são míopes, mas procriam.

Logo ao se depararem com uma situação difícil em que lobos e ovelhas se misturam sem distinção, não tomem decisões precipitadas, lembrem-se que os lobos só são vencidos pelo cansaço e pela fome de não conseguir devorar, destruir a unidade e o amor. A coesão enfraquece o coiote. A convicção no ser bom, arremete para longe atitudes equivocadas e reflexas que este mesmo ser – por hora – com medo dos canibais toma precipitadamente. Coisas que podem ocultar e de palavras que podem ofender. As ovelhas sempre voltam para a sua família, para o seu pastor. Se perdem com a ausência do pastor. E quando não o fazem, passam uma vida envergando lobos em torno de si… As ovelhas transmitem esta noção de unidade e amor para seus filhos… E quando vão embora nos sentimos sem ter com o que nos aquecer…